Entrançado na madeira havia um cordão escarlate que estava amarrado por debaixo do assento. Quando Lady Brackenstall foi liberta, o cordão caíra, mas os nós que tinham sido feitos mantiveram-se. Estes pormenores só atraíram a nossa atenção mais tarde, pois os nossos pensamentos estavam inteiramente absorvidos pela terrível coisa que jazia sobre uma pele de tigre à frente da lareira.
Era o corpo de um homem alto, bem constituído, com cerca de quarenta anos de idade. Estava de costas, com o rosto virado para cima, e viam-se-lhe os dentes brancos num simulacro de sorriso no meio da barba preta e curta. Tinha as duas mãos enclavinhadas erguidas acima da cabeça e entre elas via-se um cacete de madeira de abrunheiro. As suas feições morenas e correctas estavam contorcidas num espasmo de ódio cego, que dava ao seu rosto uma horrível expressão demoníaca. Era óbvio que estava na cama quando se dera o alarme, pois vestia uma camisa de noite, larga e bordada, e os pés nus saíam-lhe das pernas das calças. Tinha a cabeça quase desfeita e toda a sala evidenciava a selvagem ferocidade do golpe com que fora abatido. Junto do corpo estava o pesado atiçador, dobrado pela força da pancada. Holmes examinou-o, bem como a indescritível destruição que provocara.
- O tal Randall mais velho deve ser um homem muito forte comentou Holmes.
- Sim – disse Hopkins - tenho informações sobre o homem e é um tipo possante.
- Não deve ter dificuldade em apanhá-lo.
- Nenhuma. Andávamos à sua procura e parecia que tinha fugido para a América. Agora que sabemos que a quadrilha está nesta zona não vejo como possam escapar. Já alertámos todos os portos e ainda hoje será anunciada uma recompensa pela sua captura.