A Utopia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 114 / 133

os golpes e adaptam-se a todos os movimentos do corpo, de tal modo que lhes permitem nadar armados. Esse é um dos exercícios da sua arte militar.

Combatem de longe com o dardo, que é atirado com destreza e vigor, tanto pela infantaria como pelos cavaleiros. Na luta corpo a corpo não usam espadas, mas machados, de efeito mortal, pelo seu peso e gume, qualquer que seja o golpe dado. Concebem e constroem habilmente as máquinas de guerra, que mantêm em rigoroso segredo, com receio de que, conhecidas, se tornem um objecto de riso e deixem de ter utilidade. O seu maior problema é conseguir que elas sejam de fácil transporte e se possam voltar em todos os sentidos.

Observam e cumprem religiosamente as tréguas feitas com o inimigo, por mais curtas que sejam, e nunca as quebram, mesmo em caso de provocação. Não destroem os campos nem queimam as searas dos países conquistados. Impedem mesmo que elas sejam espezinhadas por homens e cavalos, pois pensam que talvez lhes venham a ser úteis. Não matam ninguém que esteja desarmado, a menos que sejam espiões. Defendem as cidades que se lhes entregam, e quanto às que tomam de assalto não as entregam à pilhagem e ao saque, matando porém aqueles que se opuseram e desaconselharam que a: praça se rendesse. Punem os outros soldados inimigos com a escravatura. Nenhum mal, no entanto, acontece à população pacífica. No caso de ter havido cidadãos que tenham aconselhado a rendição, dão-lhes metade dos bens dos condenados. O resto é distribuído livremente entre os aliados que os ajudaram na guerra. Para si, no entanto, nada tomam da presa.

Acabada a guerra, nunca exigem aos aliados o pagamento das despesas, mas sim aos vencidos. Impõem-lhes o encargo de todas as despesas, exigindo o seu pagamento, parte em dinheiro,





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