Ter sido moço é ter sido ignorante, mas inocente.
A luz intensa e salutarmente cruel da realidade dissipa mais tarde as névoas doiradas da fantasiadora ignorância juvenil. Mas a inocência, a inteireza daquele indomato amore com que abraçámos as quimeras falazes dum coração enlouquecido pelo muito desejar, essa inocência é a justificação sagrada daquelas ilusões, o que as torna respeitáveis, o que nos impede, quando de longe em longe as avistamos do horizonte esmaecido do passado, de as encararmos com o sorriso gelado do desdém: é a sua legitimidade.