Pepa (1863)
I
Eu bem sei que te chamam pequenina,
E ténue, como o véu solto na dança,
Que és, no juízo, apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina:
Que és o regato d'água mansa e fina;
A folhinha do til que se balança:
O peito que, em correndo, logo cansa;
E a fronte que ao sofrer logo se inclina...
Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angústia e de receio
Ouvindo da grandeza os longos ecos,
Que não quero imperar nem já ser rei,
Senão tendo meus reinos em teu seio
E súbditos, criança, em teus bonecos!
II
Tenho dormido no monte,
Alta noite, à chuva e ao frio,
À luz rápida do raio,
Sob um céu duro e sombrio.