Subitamente, ambas as raparigas se sobressaltaram, erguendo os olhos. Tinham ouvido passos, passos distintos, nítidos, sem margem para dúvidas. Banford encolheu-se toda com medo. March levantou-se e pôs-se à escuta. Depois, dirigiu-se rapidamente para a porta que dava para a cozinha. Precisamente nessa altura, ouviram os passos aproximarem-se da porta das traseiras. Esperaram uns instantes. Então, a porta abriu-se lentamente. Banford deu um grande grito. Depois, uma voz de homem disse em tom suave:
-Viva!
March recuou e pegou na espingarda encostada a um canto.
- O que é que quer? - gritou em voz aguda. E o homem voltou a falar na sua voz simultaneamente vibrante e suave:
- Ora viva! Há algum problema?
- Olhe que eu disparo! - gritou March. - O que é que quer?
- Mas porquê, qual é o problema? - respondeu ele, no mesmo tom brando, interrogativo, algo assustado agora. E um jovem soldado, com a pesada mochila às costas, penetrou na luz baça da sala. E disse então: - Ora esta! Mas então quem é que vive aqui?
- Vivemos nós - disse March. - O que é que quer?
- Oh! - exclamou o jovem soldado, uma leve nota de dúvida na sua voz arrastada, melodiosa. - Então William Grenfel já não mora aqui?
- Não, e você bem sabe que não.
- Acha que sei? Bem vê que não. Mas ele viveu aqui, pois era meu avô, e eu mesmo vivia aqui há cinco anos atrás. Afinal, que foi feito dele?
O homem - ou melhor, o jovem, pois não devia ter mais de vinte anos - adiantara-se agora um pouco mais, estando já do lado de dentro da porta. March, já sob a influência daquela voz, estranhamente branda, modulada, quedou-se, fascinada, a olhar para ele. Tinha um rosto redondo, avermelhado,