O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 18 / 111

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- Ah, não? - respondeu. De novo o rosto se lhe iluminou num sorriso pronto e jovial. E o seu olhar, firme e insistente, voltou a cravar-se na mulher sentada ao canto, na obscuridade.

- Mas o que pensam fazer quando o vosso capital chegar ao fim? - indagou.

- Oh, isso não sei - retorquiu March, laconicamente. - Oferecermo-nos para trabalhar nos campos, suponho eu.

- Sim, mas não deve haver assim grande procura de mulheres para trabalhar no campo, agora que a guerra acabou - volveu o jovem.

- Oh, isso depois se vê. Ainda nos poderemos aguentar durante mais algum tempo . retorquiu March, num tom de indiferença algo plangente, meio triste, meio irónico.

- Faz aqui falta um homem - disse o jovem suavemente. Banford desatou a rir, soltando uma gargalhada.

- Veja lá o que diz - interrompeu ela. Nós consideramo-nos muito capazes.

- Oh! - disse March, na sua voz arrastada e dolente. - Receio bem que não seja um simples caso de se ser ou não capaz. Quem se quiser dedicar à lavoura, terá de trabalhar de manhã à noite, quase que terá mesmo de se animalizar.

- Sim, estou a ver - respondeu o jovem.

- E vocês não querem meter-se nisso de pés e mãos.

- Não, não queremos - disse March - e temos consciência disso.

- Queremos ficar com algum tempo para nós mesmas - acrescentou Banford.

O jovem recostou-se no sofá, tentando conter o riso, um riso silencioso mas que o dominava completamente. O calmo desdém das raparigas deixava-o profundamente divertido.

- Está bem - volveu ele - mas então porque começaram com isto?

- Oh! - retorquiu March. - Acontece que antes tínhamos uma melhor opinião da natureza das galinhas do que a que temos agora.





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