- Oh! Que serviço! Oh que canalhas!... Só em. Espanha!... E agora? As malas perdidas!... Nem uma camisa, nem uma escova!
Calmei o meu desgraçado amigo: - Escuta! Eu entrevi dois carregadores arrebanhando as nossas coisas... Decerto o Grilo fiscalizou. Mas na pressa, naturalmente, atirou com tudo para o seu compartimento... Foi um erro não trazer o Grilo connosco, no salão.... Até podíamos jogar a manilha!
De resto a solicitude da Companhia, deusa omnipresente, velava sobre o nosso conforto - pois que à porta do lavatório branquejava o cesto da nossa ceia, mostrando na tampa um bilhete de D. Esteban com estas doces palavras a lápis - à D. Jacinto y su egregio amigo, que les dê gusto! Farejei um aroma de perdiz. E alguma tranquilidade nos penetrou no coração, sentindo também as nossas malas sob a tutela da deusa omnipresente.
- Tens fome, Jacinto? - Não. Tenho horror, furor, rancor!... E tenho sono. Com efeito! Depois de tão desencontradas emoções só apetecíamos as camas que esperavam, macias e abertas. Quando caí sobre a travesseira, sem gravata, em ceroulas, já o meu Príncipe, que não se despira, apenas embrulhara os pés no meu paletó, nosso único agasalho, ressonava com majestade.
Depois, muito tarde e muito longe, percebi junto do meu catre, na claridadezinha da manhã, coada pelas cortinas verdes, uma fardeta, um boné, que murmuravam baixinho com imensa doçura:
- Vossas Excelências não têm nada a declarar?... Não há malinhas de mão?... Era a minha terra! Murmurei baixinho com imensa ternura: - Não temos aqui nada... Pergunte Vossa Excelência pelo Grilo.