P’ra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!
* * *
Mas basta o nome e basta a gloria
Para elle estar comnosco, e ser
Carnal presença de memoria
A amanhecer;
* * *
Spectro real feito de nós,
Da nossa saudade e ansia,
Que falla com oculta voz
Na alma, a distancia;
* * *
E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ansia um ‘sperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.
* * *
Não mente alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque elle pôde ser, Deus não
Nos desprezou.