19.
Belo e Feio. - Nada é mais condicionado, dizemos limitado, do que o nosso sentimento do belo. Quem quisesse pensá-lo como separado do prazer que o homem experimenta junto a si mesmo, perderia imediatamente a base e o solo sob seus pés. O "belo em si" é tão-somente uma palavra, nunca um conceito. No belo, o homem se coloca enquanto medida da perfeição; em casos selecionados, ele louva a si mesmo. Um gênero não pode senão afirmar apenas a si mesmo desta forma. Seus instintos mais inferiores, o instinto de auto-conservação e de auto-expansão, brilham ainda em tais sublimidades. O homem crê que o próprio mundo está coberto pela beleza - ele esquece de si enquanto sua causa. Ele sozinho presenteou o mundo com a beleza, ah!, apenas com uma beleza humana, demasiadamente humana... No fundo, o homem se espelha nas coisas, ele toma por belo tudo o que lança de volta sua imagem: o juízo "belo" é sua vaidade genérica... É claro que a seguinte pergunta pode sussurrar para o cético uma pequena suspeita: o mundo torna-se efetivamente belo, à medida que o homem o toma como belo? Ele o humanizou: isto é tudo.