Odisseia - Cap. 8: Éolo e Circe Pág. 60 / 129

resplandecente do palácio, e logo nos convidou a entrar. Todos lhe obedeceram. Só eu, desconfiado, não entrei. Sentam-se os outros em cómodos assentos; e Circe prepara por suas mãos c': oferta-lhes uma bebida saborosa e cristalina. Sorvem-na de um trago e súbita mente se lhes apaga no espírito a memória da terra natal.

Com varinha mágica, Circe toca-os um por um e condu-los para os currais dos seus porcos. E em porcos ei-los transformados imediatamente - cabeça e grunhidos, andar e atitude, tudo igual aos dos porcos! Só a alma antiga os não abandonava, e por isso, na forma grotesca que os reveste, choram o seu triste destino. Choram - e Circe, rindo, atira-lhes bolotas e glandes, como se fossem porcos refocilando na pocilga!

E Euríloco soluçava, ao lembrar tal desgraça...

Peguei então no meu gládio e no meu arco e convidei Euríloco a vir libertar os companheiros. O chefe corajoso, o meu amigo fiel, nem queria partir, nem deixar-me partir, receoso. Mas eu não vacilava: - o meu dever impelia-me a salvar os homens que lançara em tão rude aventura. E encaminhei-me resolutamente para o palácio encantado de Circe.

Quase ao chegar ali, um vulto me atalhou o passo, um vulto de moço esbelto e forte. Era Mercúrio,





Os capítulos deste livro