o deus que protege os homens. E, depois de enumerar os perigos que eu ia correr, arrancou do solo uma ervazinha de raiz negra, de flor branca de leite, que se chama a erva-da-vida, e, dando-ma, explicou-me que essa planta humilde e modesta tinha o poder de evitar que a minha sorte fosse igual à dos meus camaradas. Recomendou-me que, se acaso Circe me propusesse casamento, não devia recusar. Seria perigosa a recusa... Apenas convinha exigir-lhe o juramento de que não tinha contra mim maus desígnios, que não pretendia provocar a minha perda…
Sumiu-se Mercúrio no céu, como nuvem. Encaminhei-me então para 'o palácio de Circe, e no seu limiar, detenho-me e grito. A deusa ouve-me. Sai dos seus aposentos, abre-me a porta da casa, e convida-me a acompanhá-la. Sigo-a docilmente, embora leve o coração cheio de mágoa.
Logo me instala Circe numa cadeira alta sobre um estrado, toda enfeitada com luzentes pregos de prata. Na taça de ouro, que oferece à minha mão, mistura no vinho oloroso a droga que faz esquecer. Bebo de um trago a bebida traiçoeira. Nem me perturba a bebida. Toca-me com a varinha mágica, ordena-me que me vá deitar ao pé dos meus companheiros, e eu sempre impassível.