O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 42 / 279

chamado Gobseck, uma bela figura, capaz de jogar dominós com os ossos do pai; um judeu, um árabe, um grego, um boémio, um homem que teríamos muita dificuldade em roubar, guarda todo o dinheiro no Banco.

- Que estará a fazer o pai Goriot?

- Não faz nada - disse Vautrin -, desfaz. É um imbecil tão estúpido para se arruinar com as mulheres que... - Lá vem ele! - disse Sylvie.

- Christophe - gritou o pai Goriot -, sobe comigo.

Christophe seguiu o pai Goriot e desceu logo depois.

- Onde vais? - disse a senhora Vauquer ao empregado.

- Fazer um recado para o senhor Goriot.

- Que é isso? - disse Vautrin, arrancando das mãos de Christophe uma carta onde leu: À senhora condessa Anastasie de Restaud - E onde vais? - retomou, dando a carta a Christophe,

- À Rua Helder. Tenho ordens para remeter isto em mão à condessa.

- O que está aí dentro? - disse Vautrin, metendo o envelope a contraluz. - Uma nota de dinheiro? Não. - Espreitou pelo envelope. Uma letra de câmbio - gritou. - Caramba! É galante, o velho ridículo. Vai, velho marinheiro - disse, penteando com a sua grande mão Christophe, que fez girar sobre si como um pião -, terás uma boa gorjeta.

A mesa estava posta; Sylvie fervia o leite. A senhora Vauquer acendia o fogão, ajudada por Vautrin, que continuava a cantarolar:


Percorri durante muito tempo o mundo,
E viram-me por todo o lado...

Quando tudo ficou pronto, a senhora Couture e a menina Taillefer entraram.

- Donde vem tão cedo, minha bela senhora? - disse a senhora Vauquer à senhora Couture.

- Fomos rezar a Saint Etienne du Mont, não temos de ir hoje ver o senhor Taillefer? Pobre pequena, treme como uma folha - continuou a senhora Couture sentando-se frente ao fogão, ao qual apresentou os sapatos que fumegaram.





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