- Sim, sim, faz festinhas, seu cobarde! - disse-lhe ela. - Sylvie! Sylvie!
- O que é agora, senhora?
- Olha o que o gato bebeu.
- A culpa é desse animal do Christophe, a quem tinha pedido para pôr a mesa. Onde se enfiou ele? Não se preocupe, minha senhora, passará a ser o café do pai Goriot. Vou misturar-lhe água, não dará por ela. Não presta atenção a nada, nem ao que come.
- E onde é que foi esse energúmeno? - disse a senhora Vauquer, colocando os pratos.
- E quem é que sabe? Faz negócios que só o diabo sonha.
- Dormi demasiado - disse a senhora Vauquer.
- Por isso a senhora está tão fresca como uma rosa...
Nessa altura ouviu-se a campainha e Vautrin entrou no salão cantarolando com a sua voz grossa:
Percorri durante muito tempo o mundo,
E viram-me por todas as partes...
- Oh! Oh! Bom dia, mamã Vauquer - disse ao ver a hospedeira, que tomou galantemente nos braços.
- Ora, acabe com isso.
- Diga impertinente! - retomou o homem - Vá, diga. Não se importa de o dizer? Olhe, vou pôr a mesa consigo. Ah, sou tão simpático, não sou?
Cortejar a morena e a loira,
Amar, suspirar...
- Acabei de ver algo bastante singular
...................... ao acaso
- O quê? - disse a viúva.
O pai Goriot estava às oito horas e trinta minutos na Rua Dauphine, no ourives que compra velhas pratas e divisas. Vendeu-lhe por uma quantia bem boa um utensílio de casa em cobre, muito bem desmanchado para um homem que não é do ofício.
- Ora! A sério?
- Sim. Regressava após ter conduzido um amigo que vai sair do país
na posta real, esperei o pai Goriot para ver... só para rir um pouco. Subiu para este bairro, na Rua de Grês, onde entrou na casa de um conhecido usurário,