- Não lhe esconderei nada. Concordo consigo quando diz que a franqueza absoluta, por mais dolorosa que ela seja para mim, é a melhor solução para esta situação desesperada à qual a falta de senso e os ciúmes de James nos levaram. Quando eu era muito novo, Sr. Holmes, amei com um amor que só se sente uma vez na vida. Ofereci casamento à senhora em questão, mas ela recusou, alegando que esse casamento prejudicaria a minha carreira. Se ela tivesse vivido, certamente não me teria casado com mais ninguém. Mas morreu e deixou este filho, que eu amei e de quem cuidei por amor à mãe. Não podia reconhecer publicamente a paternidade, mas dei-lhe a melhor educação e desde que é adulto que o tenho mantido junto de mim. Ele descobriu o meu segredo e desde esse momento que tem exercido o poder que passou a dispor sobre mim, ameaçando provocar um escândalo que seria um horror para mim. A sua presença teve bastante a ver com o infeliz desfecho do meu casamento. Acima de tudo, ele odiou o meu jovem e legítimo herdeiro desde o primeiro instante, e com um ódio persistente. Pode perguntar-me por que é que eu, nessas circunstâncias, conservei James sob o meu tecto. A minha resposta é porque via no seu rosto o rosto da mãe e por ela o meu sofrimento passou a ser terrível. James herdou dela as suas atitudes delicadas... não havia nenhuma que não me fizesse recordar vivamente a mãe. Não podia mandá-lo embora. Mas temia que ele pudesse fazer a Arthur... isto é, Lorde Saltire... e por isso enviei-o para a escola do Dr. Huxtable para que estivesse em segurança.
»James teve contacto com o tal Hayes, pois o homem era meu inquilino e James assumia as funções de meu procurador. O tipo era um bandido mas, extraordinariamente, James tornou-se íntimo dele.
