- Estou contente por me poder distender, Watson - disse ele. - Não é brincadeira nenhuma um homem alto ter de parecer trinta centímetros mais baixo durante horas a fio. Agora, meu caro, quanto a todas as explicações, teremos, se me permite pedir-lhe a sua colaboração, uma longa e perigosa noite de trabalho à nossa frente. Talvez seja melhor fazer-lhe um relato de toda a situação quando esse trabalho terminar.
- Estou cheio de curiosidade. Preferia ouvi-lo agora.
- Irá comigo esta noite?
- Quando quiser e para onde quiser.
- É, de facto, como nos velhos tempos. Temos tempo para um Jantar rápido antes de irmos. Bom, quanto ao tal abismo... Não tive sérias dificuldades em de lá sair pela razão extremamente simples de nunca lá ter estado.
- Nunca lá esteve?
- Não, Watson, nunca lá estive. O bilhete que lhe deixei era verdadeiro. Não tive qualquer dúvida de que chegara ao fim da minha carreira quando vi a figura um tanto sinistra do falecido Prof. Moriarty no estreito carreiro que me levaria a um lugar seguro. Vi uma inexorável determinação nos seus olhos cinzentos. Assim troquei algumas frases com ele e obtive a sua gentil autorização para escrever o curto bilhete que você depois recebeu. Deixei-o juntamente com a minha cigarreira e bengala e continuei a caminhar pelo carreiro com Moriarty no meu encalce. Quando cheguei ao fim, vi-me em apuros.