«Depois deste exemplo, se lhes declarasse que todos esses afadigados preparativos para a guerra, que tantas nações transtorna, depois de lhes ter esgotado o tesouro, arruinado as finanças e o povo, acabaria, por uma razão ou por outra, por ter resultados fatais e todo o esforço teria sido em vão; e que por isso seria melhor que o rei se contentasse com o seu próprio reino da França, como tinha feito os seus antepassados, que se ocupasse em melhorá-lo, em enriquecê-lo e em fazê-lo florescer, na medida do possível, devotando-se ao amor dos seus súbditos e a ser por eles amado, vivendo de boa vontade com eles, governando-os pacificamente, sem se imiscuir nos outros reinos, considerando que o que tem lhe chega muito bem. Se eu lhe desse este conselho, Mestre More, como pensais que seria ouvido e aceite?
- Sem grande reconhecimento, por Deus! - respondi.
- Ora bem, continuemos a imaginar. Suponhamos que um rei qualquer e o seu conselho estavam reunidos, exercitando os seus espíritos, discutindo o meio subtil que lhes permitiria aumentar os cofres do rei com uma grande soma de ouro.