A Utopia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 80 / 133

a educação liberal é ministrada a todas as crianças. A maior parte do povo, tanto homens como mulheres, durante a vida inteira consagra ao estudo as horas de lazer a que atrás nos referimos, e que lhes sobram dos trabalhos materiais. Aprendem as ciências na sua própria língua, rica em expressões, harmoniosa ao ouvido e apta para interpretar fielmente o pensamento. A maioria dos povos desta zona do globo fala a mesma língua, mais-pura e decantada na Utopia, mais ou menos alterada conforme os países por onde se expandiu.

Até à nossa chegada, os Utopianos não tinham nunca ouvido falar dos famosos filósofos do mundo que nós conhecemos. No entanto, na música, lógica, aritmética e geometria fizeram mais ou menos as mesmas descobertas que os nossos filósofos realizaram.

Mas, embora nos igualassem em quase tudo que se refere à sabedoria antiga, são muito inferiores aos nossos retóricos modernos, pois não inventaram ainda essas regras subtis da restrição, amplificação e suposição, tão espirituosamente inventadas pelas escolas de lógica e que as nossas crianças aprendem. Também não conseguiram chegar às ideias segundas e nem mesmo um só dos Utopianos conseguiu alguma vez ver o homem em geral, que entre nós nos apontam e mostram como o maior dos gigantes.

Em contrapartida, no que se refere ao curso dos astros e aos movimentos das esferas celestes, são peritos excelentes e hábeis. Imaginaram inteligentemente mecanismos diversos que representam com exactidão os movimentos do Sol, da Lua e de todos os astros visíveis acima da linha do seu horizonte. Quanto aos





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