Primaveras Românticas - Cap. 3: Pepa Pág. 37 / 118

VI

 

Que sede! bebi teus olhos...
Dentro nasceram-me flores!
Aos tragos bebi tua alma...
Dentro me brotam amores!

 

Bebi também teus cabelos
E eles, por mago condão,
Em meu peito se tornaram
Fibras do meu coração!

 

As palavras que segredas
Dentro fizeram-se aroma.
Relíquia, e óleo que eu guardo
De meu peito na redoma.

 

O mundo agora é vazio:
Ele era taça de Rei
Que te continha; ei-la inútil
Agora que a despejei.

 

Bem m'importa a mim o mundo!
Se quero ouvir o rumor
Dum universo - inclinando-me,
Ouço, dentro, o meu amor!

 

Vê tu pois, filha, que treva
E que silêncio há-de ser,
Se algum dia esse universo
De repente emudecer!





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