Coisas que só eu sei - Cap. 8: VIII Pág. 38 / 51

Serás Elisa, compreendes-me? É necessário que te chames Elisa...”

- “Sim, meu pai... Eu serei Elisa” ¬ atalhou a inocente modista com impetuosa alegria.

- “É necessário abandonar Lisboa” ¬ prosseguiu o visconde.

- “Sim, sim, meu pai... Vivamos num sertão... Quero gozar, sozinha, na presença de Deus a felicidade de ter pai...”

- “Não iremos para um sertão... Vamos para Londres; mas... atendam-me... é preciso que ninguém as veja, nestes primeiros anos, principalmente em Lisboa... A minha posição actual é muito melindrosa. Tenho muitos inimigos, muitos invejosos, muitos infames, que procuram perder-me no conceito que pude comprar com o meu dinheiro. Estou farto de Lisboa; partiremos nos primeiro paquete... Josefa, repara em ti, e vê que és viscondessa do Prado. Elisa, a tua educação foi desgraçadamente mesquinha para te poderes mostrar qual eu quero que sejas na alta sociedade. Voltaremos um dia, e terás então suprido com a educação prática a rudeza que indispensavelmente tens.”

» Não progrido, neste diálogo, Carlos. O programa do visconde foi rigorosamente cumprido.

» Aqui tens os precedentes que prepararam o meu encontro, em Londres, com esta família. Vasco de Seabra, quando viu, pela primeira vez, a filha do visconde atravessar um corredor do hotel, fixou-a com pasmo, e veio dizer-me que acabava de ver, elegantemente trajada, uma mulher que conhecera em Lisboa, chamada Laura.

» Acrescentou várias circunstâncias da vida desta mulher, e acabou por mostrar vivos desejos de saber o tolo opulento a quem tal mulher estava associada.

» Vasco pediu a lista dos hóspedes, e viu que os únicos portugueses eram Vasco de Seabra e sua irmã, e o visconde do Prado, a sua mulher, e sua filha D. Elisa Pimentel.

» Redobrou o seu pasmo, e chegou a convencer-se de uma ilusão.





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