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Capítulo 8: VIII

Página 39

» No seguinte dia, o visconde encontrou-se com Vasco, e alegrou-se de ter encontrado um patrício, que lhe explicasse aqueles gritos bárbaros dos serventes do hotel, que lhe davam água por vinho. Vasco não duvidou em ser intérprete do visconde, contanto que as suas luzes em língua inglesa pudessem chegar ao esconderijo donde nunca mas vira sair a suposta Laura.

» Correram as coisas à medida do seu desejo. Na noite desse dia, fomos convidados para tomar chá, na saleta do visconde. Eu hesitei, sem saber ainda se Laura seria familiar do visconde. Vasco, porém, despreveniu-me deste temor, afiançando-me que se tinha iludido com a semelhança das duas mulheres.

» Fui. Elisa pareceu-me uma menina bem-educada. Nunca o artifício tirou maior partido das maneiras adquiridas em hábitos libertinos. Elisa era uma mulher de corte, com os ademanes fascinadores dos salões, onde a imoralidade do coração passeia de braço dado com a ilustração do espírito. O som da palavra, a escolha da frase, a compostura airosa da mímica, o tom sublime em que as suas ideias eram voluptuosamente lançadas na torrente de uma conversação animada, tudo isto me fez crer que Laura era a primeira mulher que eu tinha encontrado, talhada à feição do meu espírito.

» Quando agora pergunto à minha consciência como estas transições se fazem, descreio da educação, lamento os anos consumidos no cultivo da inteligência, e chego a persuadir-me que a escola da devassidão é a antecâmara por onde mais fácil se entra no mundo da graça e da civilização.

» Perdoa-me o absurdo, Carlos; mas há mistérios na vida que só pelo absurdo se explicam.

Henriqueta.”

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Capa do livro Coisas que só eu sei
Páginas: 51
Página atual: 39

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 7
III 12
IV 18
V 22
VI 27
VII 32
VIII 36
IX 40
X 46