Era uma atitude surpreendentemente generosa e simpática e aceitei-a de muito bom grado. À noite mandou-me perguntar se precisava de alguma coisa, como estava e pedir que mandasse a criada buscar o meu almoço de manhã. A criada tinha ordens para me preparar uma chávena de chocolate de manhã, antes de se ir embora, e assim fez. Ao meio-dia trouxe-me uma moleja de vitela, inteira, e um prato de sopa, para o almoço, e assim a parteira me foi tratando, de longe, o que muito me aprazia e me ajudou a restabelecer depressa, pois a tristeza e a inquietação em que antes vivera eram a causa principal da minha doença.
Receava, como acontece tantas vezes entre tal gente, que a criada que me mandava fosse alguma moça atrevida e descarada de Drury Lane e, por isso, inquietava-me a sua presença, não me agradava nada que dormisse lá em casa e não a perdia de vista, como se fosse uma ladra confessa.
A parteira desconfiou dos meus receios e mandou-ma com um bilhete em que me dizia que podia confiar na honestidade da sua criada, pela qual responderia em todos os sentidos, e que não aceitava em sua casa nenhuma criada sem ter informações seguras da sua fidelidade. Senti-me então perfeitamente à vontade e o comportamento da criada não me deixou quaisquer dúvidas; nunca moça mais recatada, sossegada e honesta estivera ao serviço de qualquer família, como mais tarde tive a prova.
Assim que me senti com forças para sair, fui com a criada ver a casa da parteira e os aposentos que me estavam destinados. Achei tudo tão bonito e tão limpo que não soube que dizer e fiquei satisfeitíssima, pois era muito melhor do que, nas minhas circunstâncias, ousara esperar.