Insinua-se não ser possível relatar a parte do arrependimento com tanta realidade, tanto esplendor e tanta beleza como a pecaminosa. Se há alguma verdade nesta insinuação, seja-me permitido dizer que tal se verifica por não haver o mesmo gosto e satisfação na leitura e a diferença existir, deveras, mais no deleite e prazer do leitor que no valor real do assunto.
Mas, como este livro se destina, sobretudo, àqueles que o saibam ler e tirar dele o proveito que se recomenda ao longo da história, espera-se que tais leitores apreciem mais a pertinência que a narrativa, a moral que a ficção, o objectivo do escritor que a vida da pessoa biografada.
Abundam nesta história os incidentes aprazíveis, todos utilmente aproveitados e narrados de maneira hábil que, de um modo ou de outro, esclarecem naturalmente o leitor. A primeira parte da vida pecaminosa da protagonista com o jovem cavalheiro de Colchester tem inúmeras particularidades que permitem denunciar o pecado e advertir todos aqueles cujas circunstâncias a ele se adaptem dos resultados nocivos de tais coisas e da conduta estouvada, insensata e odienta de ambas as partes, o que compensa sobremaneira a vibrante descrição que a protagonista faz da sua loucura e perversidade.