Redobrei de cautelas por ter escapado tão à justa e ter tido segundo exemplo tão trágico, mas tinha agora novo tentador, que me espicaçava sem tréguas: a minha governanta. A certa altura apresentou-se uma presa de que, por ter sido ela a alvitrá-la, esperava boa fatia; soubera por portas travessas da existência de grande quantidade de renda da Flandres numa casa particular, e, como essa renda estava proibida, tratava-se de bom negócio para qualquer funcionário aduaneiro que conseguisse deitar-lhe a mão. Informou-me pormenorizadamente da quantidade e do lugar onde a mercadoria se encontrava e eu dirigi-me a um funcionário da alfândega e disse-lhe estar disposta a dizer-lhe onde se encontrava determinada quantidade de renda se me garantisse que teria a minha parte na recompensa. Como não podia haver proposta mais justa, o homem concordou e foi comigo e um polícia à casa em questão.