Dali trouxe, creio, uma peça de renda de bilros do valor de seis ou sete libras - e um pacote de linhas. Mas isto só se podia fazer uma vez; o truque não resultaria em segunda tentativa.
Calculava-se sempre que o trabalho era garantido e seguro quando tínhamos conhecimento de uma loja nova, especialmente se quem nela. trabalhava não fora treinado para o negócio. Esses podiam ter a certeza de receber uma ou duas visitas nossas, ao princípio, e só se fossem muitos espertos se salvariam.
Fiz ainda mais um ou dois «trabalhos», mas meras bagatelas, embora fossem chegando para viver. Depois disso não surgiu nada que merecesse a pena durante muito tempo e eu comecei a pensar seriamente em me retirar. Mas a minha governanta, que não desejava perder-me e muito esperava de mim, apresentou-me um dia a uma jovem e a um indivíduo que passava por seu marido e que, como mais tarde viria a saber-se, não era mais que seu sócio no negócio que tinham e em alguma coisa mais. Em resumo, roubavam juntos, dormiam juntos, foram presos juntos e, finalmente, enforcados juntos.
Entrei numa espécie de sociedade com estas duas personagens, graças à minha governanta, e eles levaram-me consigo em três ou quatro aventuras, nas quais pude vê-los cometer alguns roubos grosseiros e desajeita- dos, bem sucedidos apenas por via de grande atrevimento da sua parte e de não menor negligência da parte dos roubados. Resolvi, por isso, ter muito cuidado em tudo quanto fizesse com eles e, quando me apresentaram dois ou três projectos arriscados, declinei a oferta e persuadi-os a desistirem. Uma vez, por exemplo, propuseram-me roubar a um relojoeiro três relógios de ouro que tinham visto durante o dia e sabiam onde ele os guardava. Um dos meus cúmplices tinha tantas chaves de tantos feitios que estava convencidíssimo de poder abrir sem dificuldade o lugar onde o relojoeiro guardava os relógios.
