A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 282 / 359

No entanto, se me puder arranjar um animal que seja o mais barato possível, não me esquecerei de lhe dar qualquer coisa pelo incómodo.

- É uma proposta honesta, senhora - volveu-me o camponês. «Não a acharias tão honesta se soubesses tudo...», pensei para comigo. - Bem, senhora, tenho um cavalo que aguentará carga dupla e não me importo de ir eu próprio consigo - ofereceu-se.

- Sim? Oh, é um bom homem! Se o fizer, ficar-lhe-ei muito agradecida e pagar-lhe-ei dentro da razão.

-Também não pedirei nada fora da razão, senhora - afirmou-me. - Se quiser que a leve a Colchester, terá de pagar cinco xelins por mim e pelo meu cavalo, pois ser-me-á difícil regressar esta noite.

Em resumo, aluguei o homem e o cavalo, mas, quando chegámos a uma cidade que ficava no caminho (não me lembro o nome, mas fica sobranceira a um rio), fingi-me muito doente, declarei que não podia ir mais longe naquela noite e disse-lhe que, se pernoitasse ali comigo, visto ser uma forasteira e não conhecer ninguém, lhe ficaria muito agradecida e lhe pagaria de todo o coração por ele e pelo cavalo.

Procedi assim por saber que os cavalheiros holandeses e os criados passariam naquele dia pela estrada, quer nas diligências, quer na mala-posta, e recear que o criado bêbado ou qualquer outra pessoa que me tivesse visto em Harwich me visse de novo e me reconhecesse. Assim, se parasse um dia, passariam todos à frente.

Passámos ali a noite e, como na manhã seguinte não partimos muito cedo, eram quase dez horas quando cheguei a Colchester. Não foi com pequeno prazer que revi a cidade onde passara dias tão agradáveis! Procurei obter informações dos velhos amigos que em tempos lá tivera, mas pouco consegui saber, pois ou tinham morrido ou ido para outros lados.





Os capítulos deste livro