Entreguei, no entanto, a mala à dona da estalagem, recomendei-lhe que tomasse bem conta dela e a guardasse em segurança até eu regressar e voltei para a rua.
Quando estava já muito longe da estalagem, encontrei uma velha que naquele momento abria a porta, comecei a tagarelar com ela e fiz-lhe mui- tas perguntas à toa, todas elas acerca de coisas que nada tinham a ver com o meu objectivo, mas que me permitiram, mesmo assim, ficar a saber, graças às suas respostas, a situação da cidade, que me encontrava numa rua que seguia para Hadley, que tal rua ia dar à beira d'água, tal ao centro da cidade e tal, finalmente, seguia na direcção de Colchester, onde ficava a estrada de Londres.
Despedi-me da velha, pois só me interessava saber qual era a estrada de Londres, e afastei-me o mais depressa que pude. Claro que não tencionava ir a pé, quer para Londres, quer para Colchester, mas sim, e apenas, sair o mais depressa possível de Ipswich.
Caminhei cerca de duas ou três milhas e então encontrei um simples camponês, atarefado com qualquer trabalho de lavoura, não sei qual. Comecei por lhe fazer diversas perguntas sem muito sentido e, por fim, disse- -lhe que ia para Londres, mas a diligência estava cheia e não obtivera passagem. Não saberia dizer-me onde podia alugar um cavalo que aguentasse uma carga dupla e um homem honesto que cavalgasse à minha frente, para Colchester, a fim de arranjar lugar numa das diligências de lá? O pobre diabo olhou-me fixamente, sem dizer palavra durante mais de meio mi- nuto, e por fim coçou a cabeça e redarguiu:
- Um cavalo para Colchester, e que aguente carga dupla? Ora que pena, senhora; cavalos não faltam, mas custam dinheiro. - Isso sei eu, amigo. Nunca pensei arranjá-lo de graça.
- Mas, senhora, quanto está disposta a dar?
- Não sei quais são os vossos preços aqui, amigo, pois sou forasteira.