- Não, isso ser-me-ia pura e simplesmente insuportável. Um mês que fosse e estaria morta. Aliás, é isso mesmo que ele pretende, é claro. É esse o seu jogo, ver-me enterrada no cemitério. Não, Nellie, se fizeres uma coisa dessas, se casares com ele, não poderás ficar aqui. Eu nunca poderia viver com ele na mesma casa. Oh! Só o cheiro das roupas dele quase que me põe doente. E aquela cara sempre vermelha, sempre congestionada... Dá-me cá umas agonias que até se me revolvem as entranhas! Nem consigo comer quando ele está à mesa, parece que a comida não me passa da garganta. Que louca fui em deixá-lo cá ficar! Nunca nos devemos deixar levar pela nossa bondade, é o que é. Praticar boas ações paga-se sempre muito caro... É como um bumerangue, viram-se sempre contra nós...
- Bem, também já só faltam dois dias para se ir embora - disse March.
- Sim, graças a Deus! E, uma vez fora, não voltará a pôr os pés nesta casa. Sinto-me tão mal quando ele cá está!... E eu bem sei que ele mais não quer do que explorar-te, aproveitar-se de ti... É só isso que lhe interessa, nada mais. Ele não passa de um inútil, de um imprestável! Não quer trabalhar, só pensa em viver à nossa custa... Ah, mas para cá vem de carrinho, que comigo não conta ele!... Se te queres armar em parva, isso é lá contigo! Olha, Mrs. Burguess conheceu-o muito bem quando ele cá viveu. E sabes o que ela diz?.. Que o velhote nunca conseguiu que ele fizesse qualquer trabalho direito. Estava sempre a escapar-se para andar por aí de espingarda na mão, tal como faz agora.