- Estás a ouvir isto, Nellie? - disse então Banford.
March, até aí de cabeça baixa sobre a costura, ergueu então o rosto, um acentuado rubor róseo nas faces pálidas, um riso estranho, sardónico, nos olhos negros, na boca franzida.
- É a primeira vez que ouço dizer que vou para o Canadá - disse.
- Bem, alguma vez tinha de ser a primeira, não é assim? - volveu o rapaz.
- Sim, suponho que sim - respondeu ela em tom desprendido. E voltou à sua costura. - Estás mesmo disposta a ir para o Canadá, Nellie? Achas que sim? - perguntou Banford.
March voltou então a erguer os olhos.
E deixando descair os ombros, abandonando a mão no regaço, de agulha entre os dedos, respondeu:
- Depende do modo como tiver de ir. Não me parece que queira ir apertada numa terceira classe, como simples mulher de um soldado. - E acrescentou: - Receio não estar habituada a tais coisas.
O rapaz fitou-a de olhos brilhantes.
- Prefere então ficar por aqui enquanto eu vou à frente ver como correm as coisas? - inquiriu.
- Sim, se não houver outra alternativa replicou ela.
- Assim é que é ter juízo. Não tomes qualquer compromisso definitivo, olha que é bem melhor - disse Banford. - Mantém-te livre para responderes sim ou não depois de ele ter voltado a dizer que já arranjou onde ficarem, Nellie. Qualquer outra atitude é uma loucura, uma pura loucura.
- Mas não acha - disse o jovem - que nos devíamos casar antes de eu partir?
Depois, conforme o caso, iríamos então juntos ou um primeiro e o outro depois.
- Acho que isso é uma péssima ideia! - exclamou Banford num grito.
Mas o rapaz não tirava os olhos de March. - Então o que acha? - perguntou-lhe.
Ela olhou em frente, os olhos errando, abstratos, pela sala.
- Bem, não sei - respondeu. - Vou ter de pensar nisso.