Foi então para dentro, preparando-se para cear, pois Banford já pusera a comida na mesa. Banford tagarelava com grande à-vontade. March fingia ouvi-la na sua maneira distante, varonil, dando lacónicas, respostas de quando em vez. Mas esteve o tempo todo como debaixo de um sortilégio. E assim que a refeição acabou, voltou a levantar-se para sair, fazendo-o sem sequer dizer porquê.
Levou outra vez a arma e foi em busca do raposo. Pois ele levantara os olhos para ela, ele reconhecera-a, e isso parecia ter-lhe penetrado o cérebro, dominando-a. Não pensava muito nele: estava possuída por ele. Ela reviu os seus olhos escuros, astutos, impassíveis, fitando-a lá bem no fundo, desvendando-a, olhos de quem sabia conhecê-la. E sentiu que ele possuía um domínio invisível sobre o seu espírito. Relembrou o modo como ele baixara a queixada ao olhar para ela, reviu-lhe o focinho, o castanho-dourado, o branco-acinzentado. E voltou a vê-lo virar a cabeça, o olhar furtivo que lhe deitou, meio convidativo, meio desdenhoso, algo atrevido também. E por isso foi, os grandes olhos espantados e cintilantes, a espingarda debaixo do braço, andando de cá para lá na orla do bosque. Entretanto, caiu a noite, pelo que uma lua enorme, redonda, começou a erguer-se por detrás dos pinheiros.