O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 89 / 111

Naquele enorme aquartelamento, cheio de tendas e de barracões de madeira, não tinha a menor ideia de onde podia estar o seu capitão.

Porém, foi directo à cantina dos oficiais.

E lá estava o seu capitão, de pé, a falar com três outros oficiais. Henry ficou à porta, em rígida posição de sentido.

- Posso falar com o capitão Berryman? perguntou. Tal como ele, o capitão era natural da Cornualha.

- O que é que queres? - disse O capitão.

- Posso falar consigo, meu capitão?

- O que é que queres? - voltou a dizer o capitão, sem se mexer de onde estava, imóvel junto ao grupo dos seus camaradas.

Henry olhou o seu superior por alguns instantes sem dizer palavra.

- Não ma vai recusar, pois não, meu capitão? - perguntou então em tom de séria gravidade.

- Depende daquilo que for.

- Posso ter uma licença de vinte e quatro horas?

- Não, nem sequer tens direito a pedi-la.

- Eu sei que não, mas tenho de lha pedir.

- Pois bem, já tiveste a tua resposta.

- Por favor, não me mande embora, meu capitão.

Havia qualquer coisa de estranho naquele rapaz que ali estava à porta, tão rígido e insistente. E aquele capitão da Cornualha sentiu de imediato essa estranheza, fitando-o então com aguda curiosidade.

- Porquê, qual é a pressa? - perguntou ele, interessado.

- Estou a braços com um problema pessoal. Tenho de ir a Blewbury - respondeu o rapaz.

- Blewbury, hem? Alguma rapariga, é?

- Sim, é uma mulher, meu capitão. - E o rapaz, enquanto ali estava de pé, com cabeça ligeiramente inclinada para a frente, tornou-se de súbito terrivelmente pálido, quase lívido, um intenso sofrimento estampado nos lábios cerrados, violáceos. Vendo isto, também o capitão se sentiu empalidecer, voltando-lhe então as costas.





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