Cego de raiva e de fúria contida, assim passou a manhã. E se não estivesse tão ocupado a dar voltas à cabeça, magicando uma saída, planeando as mais diversas soluções, teria acabado por cometer uma loucura qualquer. Lá bem no fundo, sentia uma enorme vontade de gritar, de berrar, de ranger os dentes, de partir tudo à sua volta. Mas era demasiado inteligente para isso. Sabia que tinha de respeitar as normas sociais, que tinha de se refrear, pelo que não foi além do remoer de vinganças, do congeminar de planos, do matraquear de ideias e soluções. Assim, com os dentes cerrados é o nariz um tudo nada alçado, dando-lhe um ar extremamente curioso, qual estranha criatura demoníaca, os olhos fixos e extáticos, entregou-se aos trabalhos matinais meio ébrio de fúria e frustração mal contidas. Um só nome lhe dominava a mente: Banford. Não deu qualquer atenção ao efusivo palavreado de March, pois isso para ele não tinha importância absolutamente nenhuma. Mas, cravado na mente, havia um espinho que o torturava, dilacerante, profundo: Banford. Envenenando-lhe a mente, a alma, todo o seu ser, havia um espinho que o torturava, que o enlouquecia: Banford. E ele tinha de o arrancar. Tinha de arrancar aquele espinho da sua vida, tinha de arrancar aquele espinho que Banford encarnava, tinha de o fazer nem que morresse.
A mente obcecada por esta ideia fixa, decidiu ir pedir uma licença de vinte e quatro horas. Sabia que não tinha direito a ela, mas, possuído naquele dia de uma percepção particularmente aguda, de uma lucidez quase sobrenatural, soube de imediato onde devia dirigir-se: devia ir ter com o capitão. Mas como havia ele de descobrir o capitão?