A Cidade e as Serras - Cap. 9: CAPÍTULO IX Pág. 165 / 238

Em seis anos tens aí Tormes coberta de eucaliptos...

- Tudo tão lento, Zé Fernandes... Porque o seu sonho, que eu compreendia, seria plantar caroços que subissem em fortes troncos, se alargassem em verdes ramarias, antes de ele voltar ao 202, no começo do Inverno...

- Um carvalho!... Trinta anos, antes que seja belo! Desanimo! É bom para Deus, que pode esperar... Patiens quia aeternus. Trinta anos! Daqui a trinta anos, árvores só para me cobrirem a sepultura!

- Já é um ganho. E depois para teus filhos, Jacinto... - Filhos! Onde os tenho eu?

- É o mesmo processo dos castanheiros. Semeia. Não faltam por aí terras agradáveis... Em nove meses tens uma planta feita. E quanto mais tenrinhas, e mais pequeninas, mais essas plantas encantam.

Ele murmurou, cruzando as mãos sobre os joelhos: - Tudo leva tanto tempo!... E à borda do tanque nos quedámos, calados, na fresca doçura do anoitecer, entre o cheiro avivado das madressilvas do muro, olhando o crescente da Lua, que surdia dos telhados de. Tormes.

E decerto esta pressa de se tornar entre a Natureza não mais um sonhador, mas um criador, arremessou vivamente o seu interesse para os gados! Repetidamente, nos nossos passeios através da quinta, ele lhe notava a solidão.

Faltam aqui animais, Zé Fernandes! Imaginava eu que ele apetecia em Tormes o ornato elegante de veados e pavões. Mas um domingo, costeando o largo campo da Ribeirinha, sempre escasso de águas, agora mais ressequido por Verão de tanta secura, o meu Príncipe parou a considerar os três carneiros do caseiro, que retouçavam com penúria uma relvagem pobre.

E, de repente, como magoado: - Justamente! Aqui está o espaço para um belo prado, um imenso prado, muito verde, muito farto, com rebanhos de carneiros brancos, gordíssimos como bolas de algodão pousadas na relva!.





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