Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: CAPÍTULO IX

Página 164
.. Em Paris, quando era pequeno, regava os lilases. E no Verão é um belo serviço! Mas nunca semeei.

E como o Manuel descia da escada, o meu Príncipe, que. nunca acreditara inteiramente - pobre homem! - no meu saber agrícola, imediatamente reclamou o parecer daquela autoridade:

- Oh, Manuel, ouça lá, o que é que se poderia agora semear? Com o cesto das laranjas enfiado no braço, o Manuel exclamou, através de um lento riso, entre respeitoso e divertido:

- Semear, patrão? Agora é antes colher... Olhe que já se anda a limpar a eirazinha para a debulha, meu patrão.

- Pois sim... Mas. sem ser milho nem cevada... Então ali no pomar, rente do muro velho, não se podia plantar uma fila de pessegueiros?

O riso do Manuel crescia. - Isso sim, meu senhor! Isso é lá para os Santos ou para o Natal. Agora só a couvinha na horta, a beldroega, os espinafres, algum feijãozinho em terra muito fresca...

O meu Príncipe sacudiu, com brando gesto, estes legumes rasteiros. - Bem, boa noite, Manuel. Essas laranjas são da tal laranjeira que diz o Melchior, muito doces, muito finas? Então leve para os seus pequenos. Leve muitas para os pequenos.

Não! O empenho era criar a árvore. Pela árvore contemplada na serra na sua verdadeira majestade, na beneficência da sua sombra, na frescura embaladora do seu rumorejar, na graça e santidade dos ninhos que a povoam, começara talvez, lentamente, o seu amor novo da terra. E agora sonhava uma Tormes toda coberta de árvores, cujos frutos e verduras, e sombras, e rumorejos suaves, e abrigados ninhos, fossem a obra e o cuidado das suas mãos paternais.

No silêncio grave do crepúsculo, que descia, murmurou ainda: - Oh, Zé Fernandes, quais são as árvores que crescem mais depressa? - Eh, meu Jacinto... A árvore que cresce mais depressa é o eucalipto, o feíssimo e ridículo eucalipto.

<< Página Anterior

pág. 164 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 164

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223