O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 29 / 38

Se o pirata voltasse a apoderar-se do dinheiro não se falaria mais nisso. Imaginei que um acidente qualquer, por exemplo a perda de um relatório que indicava a sua localização, o impedira de recuperar o tesouro e que este acidente seria do conhecimento dos seus companheiros, que, sem isso, nunca teriam ouvido falar em tesouros escondidos, e que na sua ânsia vã de os encontrar, por falta de um índice capaz de os guiar nessa tarefa, deram origem aos boatos que se tornaram voz corrente e que são agora tão vulgares. Já ouviste dizer que se desenterrou algum tesouro na nossa costa?

- Nunca.

- Mas que a riqueza de Kidd era imensa toda a gente sabe. Dei, pois, como cerro que a terra as guardava ainda. E não te deves admirar se eu te disser que senti uma esperança, quase uma certeza, de que o pergaminho assim encontrado em tão estranhas circunstâncias continha qualquer indicação sobre a localização do esconderijo.

- E então que fizeste?

- Aproximei de novo o pergaminho do fogo depois de espevitar este, mas nada apareceu. Pensei, então, que a camada de sujidade que o cobria podia explicar o insucesso. Lavei-o, pois, cuidadosamente com água morna; em seguida coloquei-o numa caçarola de folha, com a caveira voltada para baixo, e aqueci a caçarola sobre brasas de carvão vegetal. Poucos minutos depois a caçarola estava muito quente; retirei o pergaminho e verifiquei com uma alegria inexprimível que estava coberto de sinais aparentemente dispostos em linhas. Voltei a pô-lo na panela e deixei-o lá durante mais um minuto. Quando o retirei estava exactamente como o vais ver agora.

Dizendo isto, Legrand aqueceu de novo o pergaminho e mostrou-mo. Li os caracteres seguintes, grosseiramente traçados a tinta vermelha entre a caveira e o cabrito:





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