O Estranho Caso de Benjamin Button - Cap. 2: II Pág. 8 / 38

Quero dizer, poderá ser, mas para usar como fato de fantasia. O senhor mesmo o poderia usar!

- Embrulhe-o - insistiu nervosamente o freguês. - É aquele que eu quero.

O estupefacto empregado obedeceu.

De novo no hospital, Mr. Button entrou no berçário e quase atirou o embrulho ao filho. - Aqui tens as tuas roupas - rosnou.

O velho tirou o cordel do embrulho e observou o conteúdo com um olhar intrigado.

- Parecem um pouco esquisitas para mim - queixou-se. - Não quero fazer papel de macaco...

- Já fizeste de mim macaco! - explodiu Mr. Button, furiosamente. - Não te preocupes com o quanto pareces esquisito. Veste-as... ou eu... ou eu desanco-te. - Engoliu com dificuldade depois de dizer a última palavra, mas sentiu, apesar disso, que dissera as palavras adequadas.

- Está bem, pai. - Este assentimento era uma simulação grotesca de respeito filial.

-Já viveu mais tempo do que eu e, por isso, sabe mais do que eu. Farei como quer.

Como acontecera antes, o som da palavra «pai» fez Mr. Button estremecer violentamente.

- E despacha-te.

- Estou a despachar-me, pai.

Quando o filho acabou de se vestir, Mr. Button olhou para ele, deprimido. O vestuário constava de meias às bolinhas, calças cor-de-rosa e uma camisa com cinto e uma larga gola branca. Sobre esta agitava-se uma comprida barba esbranquiçada que descia quase até à cintura. O efeito não era nada bom.

- Espera!

Mr. Button empunhou uma tesoura hospitalar e, com três tesouradas rápidas, amputou uma grande extensão da barba. Mas, apesar dessa melhoria, o conjunto ficou aquém da perfeição. O restolho esparso do cabelo que restara, os olhos lacrimosos e os dentes velhos e amarelos pareciam destoar peculiarmente do aspecto vistoso do fato. No entanto, Mr.





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