Conforme vimos, é Eurípides como poeta, antes de tudo mais o eco de seus conhecimentos adquiridos conscientemente; e é isto precisamente o que lhe concede um posto tão notável na história da arte grega. Ele deve ter-se sentido frequentemente, com relação a seu labor crítico-produtivo, como se devesse dar vida ao começo da dissertação de Anaxágoras sobre o drama, cujas palavras iniciais são: “No começo tudo estava reunido; então veio a inteligência e colocou tudo em ordem”. E assim como Anaxágoras aparecia com seu “nous” entre os filósofos como o primeiro sóbrio entre os ébrios, assim também Eurípides deve ter entendido as suas relações com os outros poetas da tragédia sob um prisma semelhante. Enquanto o único ordenador e guarda do Todo Universal — a nous — ainda era excluída do labor artístico, estava tudo reunido numa mescla caótica; assim devia julgar Eurípides, assim ele devia condenar os poetas “ébrios”, sendo o primeiro “sóbrio”.