- Sansão! - gritou ela. - Sansão! Sansão! Sansão! - Nesse exato momento, como se tivesse ouvido a barulheira de fora, apareceu na janelinha de trás da carroça a cara de Sansão, com sua mancha branca no focinho.
- Sansão! - berrou Quitéria desesperadamente. - Sansão! Saia daí! Saia depressa! Estão levando-o para a morte!
Os bichos gritavam a um tempo:
- Saia daí, Sansão, saia daí! - Todavia o carroção tomava velocidade e começava a distanciar-se. Não podiam saber se Sansão havia entendido Quitéria. Logo depois, entretanto, sua cara desapareceu da janela e ouviu-se o barulho da tremenda pancadaria de seus cascos no interior do carroção. Ele tentava livrar-se de qualquer maneira. Tempo houve em que com alguns coices Sansão transformaria aquela carroça num monte de lenha. Mas, ai! sua força o abandonara; em poucos instantes, o som das batidas diminuiu e morreu. Desesperados, os animais suplicaram aos dois cavalos que puxavam o carroção para que se detivessem.
- Camaradas! Camaradas! - gritavam eles. Não levem um irmão de vocês para essa morte! - Porém os brutos estúpidos, ignorantes demais para entenderem o que acontecia, limitaram-se a murchar as orelhas e apertar o passo. A cara de Sansão não reapareceu mais na janela. Alguém pensou em correr à frente e fechar a porteira das cinco barras, mas era tarde demais, pois logo o carroção atravessava a porteira e desaparecia rapidamente na estrada.