Odisseia - Cap. 13: Eumeu, o Feitor de Ulisses Pág. 101 / 129

Fomos para junto das muralhas da cidade e escondemo-nos, com as nossas armas nas silvas e nos canaviais de um pântano que ficava perto. Noite funda. De repente, levantou-se um vento norte que regelava, caiu neve em abundância, e cobriram-se de gelo os nossos escudos. Todos, excepto eu, possuíam boas túnicas e bons mantos, e, os ombros protegidos pelos broquéis, dormiam tranquilamente. Mas eu fizera a imprudência de deixar o manto na tenda. Já próximo da madrugada, quando os astros começam a inclinar-se para o seu ocaso, toquei com o cotovelo em Ulisses, que dormia a meu lado, e murmurei: «Magnânimo Ulisses, não esperes que eu viva muito tempo; estou transido de frio, pois não possuo manto; imprudentemente deixei-o no acampamento, e não sei como resistir ao mau tempo...

Ulisses, acordando, logo arranjou modo de me proteger. Como é homem de infinitas argúcias, segredou - me ao ouvido: «Silêncio, que mais ninguém te escute!...» E erguendo a voz: «Meus amigos, - disse para os nossos companheiros - tive um sonho e no sonho, um aviso de prudência. Estamos muito afastados dos nossos barcos, e somos poucos. Que um de vocês vá, rápido, pedir a Agamémnon, nosso chefe, para nos enviar reforços.»





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