O povo inteiro convida-o para eles e acolhe-o com veneração. O teu pai mora no campo e nunca vai à cidade. Vive singelamente, numa casa de aldeia sem adornos opulentos, nem tapetes magníficos, nem roupas luxuosas, deitando-se no Inverno junto à lareira, entre os seus criados; e, no Verão e no Outono, dorme no meio da sua vinha em leito de folhas, sempre entregue aos cuidados e trabalhos da lavoura e à dor da tua ausência. E foi a mesma dor que me precipitou na morte, que me arrancou à vida mais doce que o mel. Essa dor de não te ver, de te julgar exposto aos piores perigos e de recordar saudosamente os teus carinhos e boas qualidades...»
Então, comovido, choroso, angustiado, quis ao menos abraçar e beijar uma última vez a sombra luminosa de minha mãe. Impossível! Esquivava-se, fugia, sumia-se entre os meus braços e aparecia mais longe... Interpelei-a, roguei-lhe suplicante, que se quedasse um momento ainda... Mas a sombra querida, tristíssima, afastando-se sempre, só murmurava que nada já existia nela que os braços dos vivos pudessem abraçar: - era alma, era fantasma imarcescível, mas irreal... E aconselhou-me a que voltasse depressa ao Mundo e à vida, e que repetisse bem a Penélope, quando a visse de novo, tudo quanto me contara da sua fidelidade e ternura...