- «Meu filho, vives ainda! E, todavia, eis-te aqui neste lugar que a ciência dos vivos ignora! Voltarás porventura de Tróia? Ainda não terás tornado a ver a tua mulher, o teu filho e o teu palácio?»
- «Minha mãe – repliquei - a necessidade de consultar a sombra de Tirésias forçou-me a empreender esta jornada terrível. Ainda não pude regressar à Grécia, reconquistar o meu perdido lar... Acabrunhado de desgostos e saudades, vagueio de plaga em plaga. Mas diz-me, suplico-te, como vieste cair nos laços da morte. Foi uma longa doença que te prostrou? Ou morreste de repente? Dá-me novas de meu pai e de meu filho. Reinarão eles ainda nos meus estados? Ou já alguém me roubou o que é meu? Diz-me também o que faz e o que pensa a minha mulher. Está ainda na companhia de Telémaco?
Governa ainda a nossa casa? Ou casou com algum príncipe ambicioso?»
- «Tua mulher continua a viver no teu palácio, com dignidade e coragem admiráveis. Passa os dias e as noites em pranto. Ninguém tomou conta dos teus estados. Telémaco possui em paz os bens paternos, e vai aos banquetes públicos, que os príncipes e aqueles a quem os deuses confiaram a justiça e a lei devem honrar com a sua presença.