A senhora de Sérizy correu logo para a marquesa:
- Que tem, minha querida? - perguntou. - Oh!, é tão doente! Tremi ao vê-la empreender uma coisa superior às suas forças...
A romanza foi interrompida. Júlia, despeitada, não se sentiu com coragem de prosseguir, e teve de sofrer a pérfida compaixão de sua rival. Todas as mulheres segredaram baixinho; depois, à força de discutir esse incidente, adivinharam a luta travada entre a marquesa e a senhora de Sérizy, a quem não pouparam seus mexericos.
Os estranhos pressentimentos que tantas vezes haviam agitado Júlia achavam-se subitamente realizados. Pensando em Artur, comprazia-se em acreditar que um homem aparentemente tão meigo, tão delicado, devia conservar-se fiel ao seu primeiro amor. Às vezes, envaidecia-se por ser objeto dessa paixão, pura e verdadeira, de um rapaz cujos pensamentos pertencem exclusivamente à sua bem-amada, cujos momentos lhe são todos consagrados, sem subterfúgios, que cora do que faz corar a mulher, pensa como ela, não lhe dá rivais, e se lhe entrega, sem pensar na ambição, na glória, na fortuna.