Todo Paris lhe dava a senhora de Nucingen, junto de quem não estava mais adiantado do que no primeiro dia em que a tinha visto. Ignorando ainda que a elegância de uma mulher dá por vezes mais benefícios do que o seu amor dá prazer, caía em raivas estúpidas. Se a estação durante a qual uma mulher se faz de rogada perante o amor dava a Rastignac a riqueza das suas primícias, tornavam-se pouco a pouco tão caras quanto verdes, amargas e deliciosas de saborear. Por vezes, vendo-se sem um tostão, sem futuro, pensava, apesar da voz da consciência, nas possibilidades de fortuna que Vautrin lhe tinha demonstrado com a hipótese de um casamento com a menina Taillefer. Pois encontrava-se agora num momento em que a miséria falava tão alto, que cedeu quase involuntariamente aos artifícios da terrível esfinge pelos olhares de quem ficava muitas vezes fascinado. No momento em que Poiret e a menina Michonneau voltaram para o quarto, Rastignac, pensando estar só com a senhora Vauquer e a senhora Couture, que tricotavam mangas dormitando junto do fogão, olhou para a menina Taillefer de uma forma suficientemente ternurenta para lhe fazer baixar os olhos.