O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 170 / 279

Felizmente para ele, o milagre aconteceu: Vautrin entrou alegremente e leu na alma dos dois jovens que tinha casado através das combinações do seu génio infernal, mas a quem perturbou de repente a alegria cantando com uma voz trocista:


A minha Fanchette é adorável
Na sua simplicidade...

Victorine fugiu levando com ela tanta felicidade quanto as desgraças que tinha tido até então na vida. Pobre rapariga! Um aperto de mãos, o rosto roçado pelos cabelos de Rastignac, uma palavra dita tão perto da orelha que tinha sentido o calor dos lábios do estudante, a pressão da cintura por um braço que tremia, um beijo roubado no pescoço, foram os crimes da sua paixão, que a vizinhança da gorda Sylvie, ameaçando entrar nesta radiosa sala de jantar, tornou mais ardentes, mais vivos, mais sedutores do que os mais belos testemunhos de dedicação contados nas belas histórias de amor. Estas bagatelas, segundo uma bela expressão dos nossos antepassados, pareciam crimes a uma rapariga piedosa confessada todos os 15 dias! Nessa hora, tinha gasto mais tesouros da alma do que mais tarde, rica e feliz, teria dado entregando-se por inteiro.

- O negócio está feito - disse Vautrin a Eugène. - Os nossos dois dândis combateram. Tudo se passou convenientemente. Negócio de bom augúrio. O nosso pombo insultou o meu falcão. Até amanhã, no recinto de Clignancourt. Às oito e meia a menina Taillefer irá herdar o amor e a fortuna do pai, enquanto estiver aqui tranquilamente a molhar o seu pão com manteiga no café. Não é engraçado dizer isto? Esse pequeno Taillefer é bastante forte com a espada, é confiante como mão forte de cartas, mas será morto por um golpe que inventei, uma forma de levantar a espada e de vos atingir na testa. Mostrar-lhe-ei este truque, pois é espantosamente útil.





Os capítulos deste livro