O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 199 / 279

- Que diabo! - disse o pintor. - É magnífico a pintar situações.

- Diz-me, esbirro de monsenhor, o carrasco, governador da Viúva

(nome cheio de terrível poesia que os presos dão à guilhotina) - acrescentou, virando-se para o chefe da Polícia de Segurança. - Sê simpático, diz-me se foi o Fio-de-Seda que me vendeu! Não gostaria que ele pagasse por outro, não seria justo.

Nesse momento, os agentes que tinham aberto tudo e tudo inventariaram no quarto dele, entraram e falaram em voz baixa ao chefe da expedição. O trabalho tinha acabado.

- Senhores - disse Collin dirigindo-se aos pensionistas -, vão levar-me. Foram todos muito amáveis para mim durante a minha estada aqui, serei reconhecido. Recebei o meu adeus. Irão permitir-me que lhes envie figos de Provença. - Deu alguns passos e virou-se para olhar para Rastignac. - Adeus, Eugène - disse com uma voz doce e triste que contrastava singularmente com o tom brusco dos seus discursos. - Se estiveres com problemas, deixei-te um amigo muito devoto. - Apesar das algemas, pôde pôr-se em guarda, como se estivesse em sentido, e gritou: Um, dois! - E inclinou-se - Em caso de desgraça, dirige-te aqui. Homem e dinheiro, podes dispor de tudo.

Este personagem singular pôs suficiente ironia nestas últimas palavras para que fossem compreendidas apenas por Rastignac e ele. Quando a casa foi evacuada pelos guardas, soldados e agentes da Polícia, Sylvie, que esfregava com vinagre a testa da patroa, olhou para os pensionistas espantados.

- Pois bem! - disse. - Era um homem bom apesar de tudo.

Esta frase rompeu o feitiço que produzia sobre cada um a afluência e a diversidade de sentimentos excitados por esta cena. Neste momento, os pensionistas, após se terem examinado entre si, viram





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