O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 241 / 279

Temos de o deixar aí, evitar-lhe qualquer movimento físico e qualquer emoção...

- Meu bom Bianchon - disse Eugène -, nós os dois o salvaremos.

- Já mandei vir o médico-chefe do meu hospital.

- E então?

- Dará o seu prognóstico amanhã à noite. Prometeu-me vir ao fim do dia. Infelizmente, este danado deste velhote cometeu esta manhã uma imprudência sobre a qual não se quer explicar. É casmurro como uma mula. Quando lhe falo, faz que não me ouve, e dorme para não ter de me responder; ou, então, se tem os olhos abertos, começa a gemer. Saiu hoje de manhã, andou a pé por Paris, não se sabe onde. Levou tudo o que possuía de valor, foi fazer um negócio qualquer onde ultrapassou as forças que tinha! Uma das filhas veio visitá-lo.

- A condessa? - disse Eugène. - Uma grande, morena, de olho vivo e bem torneada, belo pé, cintura elegante? -Sim.

- Deixa-me um momento sozinho com ele - disse Rastignac.

- Vou confessá-lo, a mim irá dizer-me tudo.

- Entretanto, vou jantar. No entanto, tenta não o agitar demasiado, ainda temos alguma esperança. - Fica tranquilo.

- Elas irão divertir-se bastante amanhã - disse o pai Goriot a Eugène quando ficaram sós. - Vão a um grande baile.

- Que fez esta manhã, papá, para estar tão mal esta noite que tenha de ficar deitado?

-Nada.

- Anastasie veio cá? - perguntou Rastignac.

- Sim - respondeu o pai Goriot.

- Então! Não me escondei nada. Que vos pediu ela ainda?

- Ah! - retomou ele, juntando forças para falar. - Estava bem infeliz, a minha filha! Nasie não tem mais um tostão desde o negócio dos diamantes. Tinha encomendado, para esse baile, um vestido sumptuoso que deveria cair-lhe como um brinco. A costureira dela, uma infame, não quis fazer-lhe crédito e a criada de quarto pagou mil francos de adiantamento sobre a vestimenta.





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