Capítulo 1: O PAI GORIOT
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Pobre Nasie, ter chegado a esse ponto! Rasgou-me o coração. Mas a criada dela, vendo esse Restaud retirar toda a sua confiança a Nasie, teve medo de perder o seu dinheiro e combinou com a costureira que o vestido só seria entregue se os mil francos fossem pagos. O baile é amanhã, o vestido está pronto. Nasie está no mais profundo desespero. Quis pedir-me emprestado os talheres para os pôr no prego. O marido quer que ela vá á esse baile para mostrar a todo Paris os diamantes que pensam ter sido vendidos por ela. Não pode dizer a esse monstro: «Devo mil francos, pagai»? Não. Compreendi isso. A irmã Delphine irá com um vestido soberbo. Anastasie não deve ficar abaixo da irmã mais nova. E, além disso, ela está lavada em lágrimas, minha pobre filha! Fiquei tão humilhado por não ter tido 12000 francos ontem, que teria dado o resto da minha miserável vida para remediar esse erro meu. Está a ver? Tinha tido a força de tudo suportar, mas a minha última falta de dinheiro partiu-me o coração. Oh! Oh! Não tive nem uma nem duas, remediei-me bem ou mal, aperaltei-me, vendi por 600 francos de pratas e colchetes, depois empenhei, por um ano, o meu título de rendimento vitalício contra 400 francos, uma vez pagos, ao papá Gobseck. Bah! Comerei pão! Era o suficiente quando era novo, pode servir agora ainda. Pelo menos, elas terão um belo serão, a minha Nasie estará brilhante. Tenho o bilhete de 1000 francos aqui debaixo da almofada. Aquece-me ter assim debaixo dá cabeça o que vai alegrar a pobre Nasie. Poderá pôr a sua ingrata Victorine no olho da rua. Onde se viu criados não terem confiança nos patrões! Amanhã estarei bem, Nasie vem às 10 horas. Não quero que elas pensem que estou doente, não iriam ao baile, ficariam para cuidar de mim. Nasie irá beijar-me amanhã como se fosse o filho dela, as carícias dela me curarão.
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