O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 244 / 279

Como disse, ouvindo a prece de Moisés: «Para uns é uma nota idêntica, para outros é o infinito da musical» Pensa i que vos espero esta noite, para ir ao baile da senhora de Béauseant. Decididamente, o contrato do senhor de Ajuda foi assinado esta manhã na corte e a pobre viscondessa só o soube às 2 horas. Paris em peso vai a sua casa, tal como o povo assalta a praça quando vai haver uma execução. Não é horrível ir ver se essa mulher esconderá a dor, se irá saber morrer com dignidade? Não iria, sem dúvida, meu amigo, se já tivesse ido a casa dela, mas ela, provavelmente, não irá mais receber e todos os esforços que teria feito seriam em vão. A minha situação é bem diferente da das outras. Além disso, vou também por si. Estou à sua espera. Se não estiver junto de mim dentro de duas horas, não sei se lhe irei perdoar tal deslealdade.

Rastignac pegou numa pena e respondeu da seguinte forma:

Espero um médico para saber se seu pai ainda vai viver por muito tempo. Está a morrer. Irei levar-lhe a sentença e tenho medo de que essa seja uma sentença de morte. Veja se pode ir ao baile. Mil carinhos.

O médico veio às 8 horas e 30 minutos, e, sem dar nenhum parecer favorável, não pensou que a morte fosse iminente. Anunciou melhoras e recaídas alternativas de que dependeria a vida e a lucidez do velhote.

- Seria preferível que morresse rapidamente - foi a última palavra do médico.

Eugène confiou o pai Goriot aos cuidados de Bianchon e partiu para ir levar à senhora de Nucingen as tristes novas que, no espírito dele ainda imbuído dos deveres familiares, deveriam suspender qualquer alegna.

- Dizei-lhe para, apesar de tudo, se divertir - gritou-lhe o pai Goriot que parecia adormecido mas que se sentou na cama no momento em que Rastignac saiu.





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