- Se fosse rico - disse, trocando uma moeda de trinta tostões que tinha trazido em caso de desgraça - teria ido de carro, teria podido pensar com mais calma.
Por fim chegou à Rua Helder e pediu para ver a condessa de Restaud. Com a raiva fria de um homem certo de triunfar um dia, recebeu o olhar de desprezo das pessoas que o tinham visto atravessar o pátio a pé, sem ouvir o barulho de um carro na porta. Esse olhar atingiu-o tanto que já tinha percebido a sua inferioridade ao entrar nesse pátio, onde campeava um belo cavalo ricamente atrelado a um desses cabriolés pomposos que exibem o luxo de uma existência dissipadora e subentendem o hábito de todas as felicidades parisienses. Ficou sozinho, de mau humor. As gavetas abertas do seu cérebro que pensava encontrar cheias de ideias fecharam-se e ficou estúpido. Enquanto esperava a resposta da condessa, a quem, um criado de quarto ia dizer os nomes do visitante, Eugène equilibrou-se num só pé em frente a uma janela da sala de espera antes do quarto, apoiou o cotovelo num fecho e olhou maquinalmente para o pátio.