- Ah! É o senhor de Rastignac, estou bem contente por o ver - disse, com um ar que sabem tomar as pessoas inteligentes.
Maxime olhava alternadamente Eugène e a condessa com um ar suficientemente significativo, para que o intruso se fosse embora.
- Ah, isso! Minha querida, espero que vás pôr este engraçadinho no olho da rua! - Esta frase era uma tradução clara e concisa dos olhares do jovem impertinentemente orgulhoso a quem a condessa Anastasie tinha chamado Maxime e de quem ela consultava a expressão com esse ar submisso que revela todos os segredos de uma mulher sem ela se aperceber. Rastignac sentiu um ódio violento para com esse jovem. Primeiro os belos cabelos loiros e bem encaracolados de Maxime revelaram-lhe o quanto os dele eram horríveis. Depois, Maxime tinha botas finas e limpas enquanto as dele, apesar do cuidado que tinha tido ao andar, tinham-se manchado ligeiramente da cor da lama. Por fim, Maxime vestia uma sobrecasaca que lhe marcava elegantemente a cintura e fazia-o parecer uma bela mulher, enquanto Eugène trajava às duas e meia um fato completo preto. A espiritual criança da Charente sentiu a superioridade que o apetrechamento dava a esse dândi, magro e grande, de olho claro, tez pálida, um desses homens capaz de arruinar órfãs.