A viscondessa mantinha desde há três anos uma relação com um dos mais célebres e ricos senhores portugueses, o marquês de Ajuda- Pinto. Era uma dessas relações inocentes que têm tanto atractivo para as pessoas que a vivem que não podem suportar a presença de terceiros. Por isso, o visconde de Beauséant tinha, ele próprio, dado o exemplo ao público, respeitando, de bom ou mau grado, esta união morganática. As pessoas que, durante os primeiros dias dessa amizade, vinham ver a viscondessa às 14 horas, aí encontravam o marquês de Ajuda-Pinto. A Senhora de Beauséant, incapaz de fechar a porta, o que teria sido muito inconveniente, recebia tão friamente as pessoas e contemplava com tanto afinco a sua cornija, que todos compreendiam quanto a incomodavam. Quando se soube em Paris que se perturbava a senhora de Beauséant vindo vê-la entre as 14 e as 16 horas, encontrou-se na maior solidão. Ia ao teatro ou à ópera na companhia do senhor de Beauséant e do senhor de Ajuda-Pinto, mas, como homem que sabe viver, o senhor de Beauséant deixava sempre a mulher e o português após os ter lá instalado.